Mente Aberta – Cinema

07-08-2012 07:32

 

O texto escrito é minha paixão, mas devo reconhecer seu risco. Quando escrevemos, não temos controle sobre como o leitor o receberá. Pode ser que me veja como brava, quando estou apenas pensativa. É provável que me leia crítica, quando a intenção é plenamente amigável. Mas escolhi este meio, este canal e sabia dos ossos deste ofício. Não, não me ofendi. Nem me conhecem de fato.

Já faz algum tempo que desisti de pregar, no sentido de convencer alguém da  minha opinião. Apenas vivo o que creio, pregando sem falar. Se elas se convencem, adotam algumas coisas, rejeitando o que não lhes convém. Normal. Faz parte do nosso desenvolvimento como ser humano crescer, podar, frutificar. Alguns só arrancando pela raiz mesmo.

Como disse, falei de cinema e queria dizer porque não vou ao cinema. Fique tranquilo, não quero te convencer de nada, te condenar menos ainda. Não me cabe este papel. Apenas quero te contar o meu ponto de vista e devo começar dizendo que quase não vejo filmes. Já gostei mais, já assisti a vários – alguns dos quais me arrependo, aliás. O problema  todo pra eu me comportar assim é que faz alguns anos descobri que nossa mente é um depósito que não rejeita nada. Tudo o que vemos e ouvimos fica lá. Às vezes em gavetinhas que parecem lacradas e esquecidas, mas que podem vir à tona nos momentos mais inoportunos.

O que vejo, leio, escuto me abastece para decisões que tomo, para emoções que alimento. Outro dia um colega de trabalho me questionou sobre esta postura, já que, segundo ele, eu perco muitas “referências” artísticas por não ir ao cinema e nem assistir aos filmes a moda. Sei disso, mas pesando na balança e levando em conta meu objetivo na vida, temos que concordar que existem muitas outras “referências” e sem parecer careta, acho que Deus, a própria originalidade de tudo, é uma boa fonte de inspiração. Aquela cena de assassinato que verei num filme, vai alimentar minha alma, o adultério vai me influenciar eu querendo ou não. As doutrinas espíritas ficarão lá, esperando para subir ao consciente e por aí vai. Não quero isto pra mim. Já tem tanto lixo que recebo sem poder apartar, pra que vou me expor a este outro tanto se está em meu poder rejeitar?

Eu poderia discorrer sobre nossa capacidade neurológica de absorção e reação, da diferença entre mídia recebida e percebida, o poder de influência num ambiente fechado, com uma tela enorme, dos 24 quadros por segundo a inversão de frames, do achaque comercial perpetrado pela tecnologia IMax, mas não vou. Não vou por um único motivo: não quero te convencer de nada, pois se discorda de mim, ainda mais se gosta muito de filmes e de cinema, ainda que eu trouxesse o inventor das super telas para dar seu depoimento de como ele criou um mecanismo que nosso cérebro não consegue repelir, de como engolimos tudo aquilo sem pestanejar – mesmo arrotando ter controle sobre tudo -, ainda assim você não me acreditaria. Não vou usar argumentos da escritora Ellen White, nem falar  dos significados de cinema e teatro elétrico, informando a coerência dela sobre uma tecnologia que conhecia e que já no seu tempo se mostrava de grande perigo para a mente. Nada disso. Simplesmente pelo fato de que não te convenceria.

Posso parecer retrógrada pra você, tudo bem, já ganhei nomenclaturas piores. Mas não acho mesmo que deva perder duas horas ou mais da minha vida por semana, por dia ou seja lá que período, para me expor a isto. Se tem filme que preste? Claro que tem, não sou ignorante. Já vi muitos inclusive. Mas também tem aqueles com 5% de conteúdo edificante diluídos em 95% de ações e pensamentos que se chocam contra meus princípios e de tanto bater, uma hora os derruba. E se você é tão humano quanto eu, querido leitor, também está passível disto.

Veja, não estou aqui escrevendo sob demanda de igreja, estou falando da minha filosofia e prática de vida. Se você é frequentador de cinema e adora ver filmes, sozinho ou com a família, não te considero pior nem melhor que eu. Apenas temos opiniões diferentes sobre o assunto. Apenas queria te contar minhas razões, pois elas podem te fazer algum sentido também.

by Fabiana Bertotti

https://fabianabertotti.com/